Ah, antes dos vinte...
Foi em outra vida. Agora lembro de outra pessoa sob a minha pele naqueles tempos de sonho. A criança se tornando um jovem adulto e acreditando em tantas coisas tolas e necessárias.
Depois dos trinta... Tentei realizar os antigos devaneios... Lutei sem medo do futuro. Atravessei os mundos desconhecidos. Travei batalhas e... travei, parei. O medo surgiu como reflexo de força. Mas segui tateando o caminho no escuro sem perder a convicção de que iria chegar seja onde fosse.
Depois dos quarenta... Ah, era isso? Sério, achei mesmo que seria diferente mas é só mais do mesmo, de um jeito novo. Sonhos novos. E a vida que se apresenta moldando marcas no corpo e na mente, o benefício e o preço do tempo, cada vez mais curto e precioso.
E quem diria, era tudo tão mais simples do que eu imaginava... Ao mesmo tempo ainda há tanto a aprender, tanto a se fazer, que uma vida só não basta e tudo bem. Faço as pazes com minha finitude.
Cinquenta, sessenta, setenta e oitenta são apenas números. Eu estive acordado. Esse foi o meu tempo. Eu vivi cada segundo dele. Senti dor e prazer. Quis desistir e agradeci por vivenciar a mais simples das ações. Entendi que nunca foi sobre eu mudar o mundo, mas deixar que o mundo se mostrasse pra mim.
Estou morto. Estou vivo. Sou uma memória, um sonho. Fui lembrado e serei esquecido. Outros virão. Que o mundo seja gentil com eles. Obrigado a todos que amei, a todos que me amaram. Disso eu sentirei saudades. Ou talvez, quem sabe, estejamos todos juntos agora? Gosto de pensar que sim.
A imagem de um sorriso vem à minha mente.
Estou em paz.
Foto de Oleg Gospodarec na Unsplash
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