O Labirinto dos Sonhos



Preso em um labirinto de sonhos,
de infinitos portais de desenganos,
e saídas ilusórias,
eu sigo, imaginando um final feliz,
onde na verdade o beco é sem saída.

Caminhando em círculos,
sob o aroma venenoso das flores mais belas,
sem saber do perigo,
perdido ao achar que me encontrara.

Mas então, num mágico momento,
um segundo de lucidez me atinge,
e vejo abismado o quanto estava errado,
e tanto me doei em vão,
sem saber que atrás daquela névoa não havia paraíso,
não havia cachoeiras nem unicórnios.

Não havia nada.

Cercado pelas ruínas da realidade a se destroçar à minha volta,
mas abençoado pela dádiva da desilusão,
um lampejo de luz me mostra o caminho.

E alquebrado eu sigo,
o corpo pesado e a alma fragmentada,
desconstruindo todo o futuro planejado,
obliterando todas a aventuras que estariam por vir,
eu sigo sozinho.

Seco de lágrimas, as quais sou incapaz de verter,
mas inundado em mágoa a qual me sufoca impiedosa.

A verdade me envolve e me abraça,
ela não é gentil.
Mas sua clareza me livra do labirinto dos sonhos,
onde perdido eu vaguei por tanto tempo.

O mundo é o que ele é,
e não aquilo que nós queremos que ele seja.
Não importa o quanto queiramos,
Não importa quantos labirintos ilusórios levantemos em nossas mentes.

Um dia o torpor se dissipa,
e a verdade prevalece.
O sonho se torna uma lembrança triste,
a saudade do que nunca aconteceu.

Mas ainda que contrária à nossa vontade,
melhor que sigamos pela estrada da verdade,
e aprendamos a lidar com seus revezes,
do que cambalear às cegas, iludidos,
tateando com vã esperança,
os muros ásperos e descoloridos,

do infrutífero Labirinto dos Sonhos.

 




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