Vazio


De onde vem esse vazio,

se ele existe entre os vãos da irrealidade e mesmo assim se configura em dor?

E o que é o vazio, senão apenas um estado de ausência, a falta de algo que não está mais lá?

Se é vazio, não deveria ser equivalente ao nada?  E sendo nada, não deveria ser incapaz de machucar?

Ainda assim o sentimos, invisível fantasma, inodoro, insólito,

interminável, quem sabe, infinito...

como os planetas inabitados e incapazes de abrigar a vida

e sonhos, e esperança.

É de lá que vem esse vazio? 

do inexplorado vácuo espacial,

ou de mais perto, 

do substrato mental fabricado por nós,

supostamente as únicas formas de vida inteligente no universo... 

Um cosmos vazio, exceto por nós que orbitamos estrelas indiferentes, 

nós que pensamos questões abstratas que serão esquecidas ou lembradas ou ignoradas através do tempo,

nós, repletos de vazio. 

Talvez a melhor pergunta seria esta:

De onde viemos afinal, 

senão desse imenso vazio que nos gestou, e para o qual estamos inexoravelmente retornando? 


Foto de Alessandra Onisor na Unsplash

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