Quem sou eu, perguntas?
Sou nada além de uma criança que não cresceu, apesar do
corpo adulto. Que não sofreu a dor dos torturados, que não queimou no fogo dos
heróis.
Sou uma mera imagem perdida, ecoando sem rumo em direção à
próxima dúvida.
Não sou digno de ostentar a nobreza dos meus ancestrais,
pois não estava com eles quando a guerra foi travada e nasci numa época de
aparente calmaria, quando os gritos da batalha e o sangue dos inocentes já
havia se dissipado.
Sou então, fruto do sacrifício daqueles que acreditavam no
futuro, sou a encarnação de sua esperança e por carregar tamanha idealização
dessa responsabilidade, sou um completo fracasso.
O filho amado que sobreviveu a tormenta e agora precisa
levar o legado adiante.
E como ser digno de tamanha honraria, como competir com a
majestade dos fantasmas daqueles que vieram antes de mim?
A resposta surge na forma de uma nova guerra, quando a
sombra dos inimigos desperta nos traços de seus descendentes.
Quem sou eu, perguntas?
Sou aquele que despertou de uma vida de torpor e não
aceitará que as conquistas dos que vieram antes de mim sejam tomadas.
Sou aquele que honrará seu sacrifício e se sacrificará
satisfeito para proteger seus ideais de igualdade, respeito e amor.
Sou meus antepassados encarnados, trago na pele as mesmas
cicatrizes e o brado vitorioso!
Através de mim eles vivem! E através de todos os que sonham
o mesmo sonho, eles viverão!
Quem sou eu, perguntas?
A revolução eu sou.
Um em meio a incontáveis outros, e juntos, nunca cessaremos
de lutar.
Hoje.
E em todos os amanhãs,
através daqueles que vierem sonhando depois de nós.
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