O CÂNTICO DO FIM DOS TEMPOS

 

 

Observo as centelhas deste mundo alquebrado,

Onde antes pulsavam cores, hoje esquecido ao léu,

Buscando o futuro, mas preso ao passado,

Imerso nas sombras libertas do véu.

 

Prometido apogeu destituído da glória,

O que lhe restam agora são trevas humanas,

Remanescentes perdidos de canibal escória,

Em contos profanos de histórias insanas.

 

Sem rumo vagamos contaminando esperanças,

Dobrando joelhos aos messias sombrios,

Permitindo falácias, ávidos por suas dádivas,

Completando um mosaico de repletos vazios.

 

Irmão contra irmão, entorpecidos de ódio,

Com boa intenção, ouvimos coniventes,

Sua repetida malfadada ode:

“Dai-me o sangue de teus inocentes”

 

“Dai-me o sangue de teus inocentes”

- daremos - respondemos,

Rosnando inclementes,

E esse preço, como pagaremos?

 

Neste tempo de devastação,

Onde havia prosperidade,

Arrependermo-nos não é opção,

Pois nos privamos da liberdade.

 

Haverá esperança?

Ou só restou essa raiva?

Ainda temos a aliança?

Ou pior, nem ao menos sentimos nada?

 

Sedentos por sua dança,

Ignoramos os gritos dos fracos,

“Sacrifícios em nome da mudança”,

Entoam os homens e seus maus-tratos.

  

Aceita nossa oferenda,

E poupa-nos da desgraça,

Livra-nos da contenda.

E do mal que nos abraça.

 

Tu apenas espelhas,

Messias tão frio,

Ideias tão velhas,

De corações em martírio.  

 

E nocivas regras,

Agora impostas,

De ordens severas,

E fraturas expostas.

 

As recompensas do esforço,

Jazem inertes,

Vendemo-nos por pouco,

Por essas lágrimas que vertes.

   

“Dai-me o sangue de teus inocentes”

- daremos - respondemos,

Rosnando inclementes,

E esse preço, como pagaremos?

 

Perdão por toda a matança,

Por todos que perdemos,

“Sacrifícios em nome da mudança”,

E esse preço, como pagaremos?

 

 

E esse preço, como pagaremos?


FOTO: Lindas imagens e fotos gratuitas | Unsplash

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