A tortuosa linha luminosa cortou as trevas profundas da noite enfeitiçada;
O vento e os seres etéreos e perdidos uivaram em desespero;
Havia uma tensão quase palpável percorrendo a pulsação descontrolada dos incautos jovens;
Acabaram eles de deixar, não sem esforço, a mansão decadente atrás de si, única construção (humana?) em quilômetros;
O bosque denso à sua frente não era convidativo, com árvores erguendo seus galhos como braços que imploravam que eles voltassem;
O retorno entretanto seria o pior dos destinos, e o desconhecido era melhor que o horror que vivenciaram;
A loucura contaminou-os como um vírus, seria tudo um pesadelo afinal?
Os ferimentos porém, insistiam em arder, lembrando-os de que fosse o que fosse, estavam acordados;
O frio os tomou como uma forma de aviso, como se a natureza os mandasse embora;
Contrariando a lógica, correram o mais longe possível bosque adentro, até seus corpos chegarem ao limite;
Viram-se em meio a nada mais que trevas, uivos e frio;
Ora de medo ou desespero, seus corpos tremiam;
O sangue que manchava suas roupas era o preço de sua liberdade;
Mais à frente viram um abismo, o qual não deveria sequer existir;
Pararam e se deram ao luxo de descansar, ainda que há poucos metros, algo se aproximava;
(Sua respiração era medonha e a lembrança daqueles olhares malignos era impossível de esquecer);
Deram-se as mãos decididos;
Melhor o abraço afetuoso do sono final ao terror oculto na mansão;
Súbito, um segredo foi sussurrado em seus ouvidos, mas não havia mais ninguém (visível) além deles;
Seus perseguidores enfim os alcançaram, prontos a levá-los de volta;
(Seus grunhidos eram como milhões de insetos devorando seus ouvidos);
Se entreolharam e sorriram, pois agora tinha a dádiva de uma escolha;
A tortuosa linha luminosa cortou as trevas profundas da noite enfeitiçada;
Era como se uma parte da realidade tivesse sido destacada daquele momento;
Seus perseguidores se foram, frustrados;
A mansão ficaria vazia até que novos residentes chegassem;
Ao fundo do abismo, nenhum sinal de sua presença;
Apenas novos uivos pela noite adentro;
Não por medo, mas euforia;
Pois talvez, só talvez;
Seus avisos fossem ouvidos pelos próximos a chegar.
Show!
ResponderExcluirObrigado!!! :D
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